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Íris Seixas
Escrito por:

Iris Seixas Psicopedagoga, Colaboradora do Banco do bebé

O papel do pai e a importância da co-parentalidade

Quando se fala e pensa em gravidez todas as atenções são direcionadas para a mãe e isto acontece porque é nesta figura que tudo se centra, desde a barriga que cresce, aos cuidados de saúde com os quais a mãe tem que se preocupar. Mas mesmo depois de nascer é sempre
na figura feminina que se tem delegado a principal responsabilidade de cuidar de um bebé.

Apesar de haver culturas em que isto possa não ser verdade, na maioria dos casos é à mulher
que sempre coube a responsabilidade de cuidar da casa e dos filhos. Só mais recentemente,
com a entrada das mulheres no mundo profissional, bem como a igualdade de responsabilidades e partilha de tarefas é que os pais vão ganhando o seu espaço nas
responsabilidades parentais, o que se verifica ao longo da progressiva partilha de tarefas ligadas aos cuidados do bebé, a decisão das guardas partilhadas em casos de divórcio e no aumento das licenças de parentalidade gozadas pelos pais, seja por necessidade, seja por
opção da família.

Mais recentemente os investigadores têm tentado perceber o impacto que o envolvimento do pai tem no desenvolvimento infantil chegando-se à conclusão de que uma maior participação paterna tem consequências muito benéficas a nível emocional e intelectual para a criança, mas para além disto também tem sido possível perceber que os pais brincam e interagem de forma diferente do que as mães, o que faz com que ambos se complementem.

A parentalidade inclui diferentes dimensões, como o envolvimento, a disponibilidade e a responsabilidade, sendo que:

  • O envolvimento está relacionado com a capacidade dos cuidadores se relacionarem em situações de “face a face” como no desenvolvimento de interações positivas, o brincar e jogar com a criança, mas também inclui a prestação de cuidados básicos;
  • A disponibilidade é referente à capacidade emocional e física que os pais têm para interagir com o filho, a possibilidade de guardar alguns minutos do dia para dar atenção sincera, estar presente para uma brincadeira, para ouvir as novidades do dia e se isto não for possível fazer de forma presencial, pode ser feito por chamada telefónica ou de vídeo. Importa mostrar que quer estar presente e que se preocupa;
  • A dimensão da responsabilidade diz respeito ao facto de existir um dever intrínseco pela promoção do bem-estar e pelos cuidados à criança que acontece com a presença nas consultas médicas, pelas preocupações com a alimentação, vestuário e refeições, ou com a participação na educação.

A parentalidade é um processo tão mais rico, quanto for a possibilidade de ser vivido em
complementaridade com a outra figura de referência, habitualmente a mãe. Assim sendo a coparentalidade é algo que contribui de forma muito positiva para o desenvolvimento
infantil, favorecendo uma vinculação segura, a maior facilidade da criança em regular as emoções, um leque maior de formas de interagir e é um factor protectivo perante a
existência de factores de risco.

Se quisermos sugerir formas de estimular o envolvimento paterno, estas seriam:

  • Ainda durante a gravidez acompanhar a mãe às consultas – estar a par do desenvolvimento
    intra-uterino, apoiar a mãe nas dificuldades e desconfortos, sentir os movimentos do bebé,
    participar na compra dos bens e/ou decoração do quarto, interessar-se e envolver-se de
    forma geral;
  • Após o bebé nascer participar regularmente nas rotinas diárias – higiene, alimentação,
    acompanhamento às consultas, levar ou ir buscar à creche/escola, promover autonomia da
    criança, contar histórias e desenvolver actividades e brincadeiras várias (hoje em dia já se sabe que a forma de brincar do pai e da mãe são tendencialmente diferentes!);
  • Ter um papel activo na educação da criança – colocar limites, ensinar “o certo e o errado”,
    transmitir as normas da sociedade bem como os valores familiares e culturais;
  • Ir passear, fazer actividades, algumas vezes até sem a mãe, (…que também precisa de
    tempo só para ela!!!).

Por outro lado, também é importante deixar algumas recomendações sobre o que se deve
evitar para não comprometer o desenvolvimento e bem-estar da criança:

  • Não ter comportamentos que denigram ou comprometam a relação com o outro cuidador;
  • Não excluir ou criticar constantemente as acções um do outro;
  • Evitar ao máximo discussões e desentendimentos na presença dos bebés/crianças;
  • Não disputar a atenção da criança ou “comprar” a mesma com bens materiais e
    chantagens;
  • Não desautorizar a repreensão e se houver desacordo conversar sem a presença da criança;
  • Pedir que seja o outro cuidador a repreender, colocando-se numa posição de
    vulnerabilidade e dificuldade em assumir a autoridade, que é tão importante para a criança
    compreender os limites.

Gostaria também de salientar que a importância deste papel não é exclusiva do pai, mas pode ser qualquer outra figura de referência masculina como um padrasto, um avô, um padrinho, etc..

É fundamental compreender que não estamos a limitar este papel ao pai biológico, mas sim a pensar que na sua ausência é uma mais-valia para o desenvolvimento global incluir uma referência masculina na vida do bebé/criança.

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